sexta-feira, 14 de março de 2008

Rambo IV


Recomendo o filme a todos os pacifistas, "defensores dos direitos humanos", e afins.

Ah, sim: o texto abaixo contém "spoilers" (como se isso fosse possível num filme praticamente sem história alguma)... Mas não importa.

Tirando o blá-blá-blá forçado do começo do filme, e algumas bobagens, do tipo "como pode a igreja dos pacifistas pela-sacos contratar um bando de mercenários assassinos para resgatar seus missionários, quando o politicamente correto seria pagarem uma fortuna pelo resgate deles, possibilitando assim que seus seqüestradores comprassem muito mais armas para cometerem ainda mais atrocidades?", o filme é o máximo. Mostra que essa tal de raça humana não vale nada, mesmo (qualquer um que já tenha tido o desprazer de dirigir no Rio de Janeiro sabe disso)...

O próprio protagonista já assumiu que é um assassino; não tem mais as dúvidas que demonstrava nos três filmes anteriores... Se bem que ele já está ficando velho: no terceiro filme, expulsou os russos do Afeganistão sozinho (filme este "dedicado ao valente povo daquele país" - isso está escrito nos créditos; e viva a coerência da política americana!), enquanto que, neste quarto, precisou da ajuda de mercenários para lidar com uma centena de soldadinhos drogados... Ou seja, se ainda fosse ficar em dúvidas sobre como agir, levaria uns minutos a mais para chacinar os birmaneses, lá...

Mas o filme é interessante, mesmo... Mostra a tal da guerra como ela é: as pessoas não levam tiros e caem mortas, porém limpinhas, no chão... Elas explodem! É tudo muito nojento e doentio. Mostra que "crimes de guerra" é uma expressão muito da eufemista; sem falar que só serve para acusar o vencido, ao final da história, quando todo mundo sabe que todos os lados envolvidos se divertem bastante cometendo tudo quanto é atrocidade contra seus rivais.

Um dos missionários, cujo nome já esqueci, ilustra bem a situação: começa como mais um imbecil, defendendo os "direitos humanos" dos monstros assassinos, quando Rambo os salva deles, num primeiro momento... Porém, depois, é capturado, torturado, e vê o mesmo acontecer com seus coleguinhas bonzinhos, e com a população local (que tem vilas inteiras dizimadas "por diversão")... Então, na hora de fugir, quando se vê frente a frente com um dos soldados inimigos, o que ele faz? Mata-o a pedradas! Poesia pura, esse momento! E, no final, quando tudo está bem, novamente, o que ele faz? Como bom médico, vai ajudar os feridos dentre aqueles que foram ao seu resgate, e possivelmente volta para terminar o serviço humanitário junto à população local. Ou seja, se deu conta de que os tais dos "direitos humanos" são para os seres humanos, e os monstros devem ser exterminados, caso não possam ser domesticados (como o Rambo) para caçarem outros monstros. Um final mais do que feliz.

Como deu para perceber, mostra-se muito do que o "ser humano" é capaz nesse filme (tem até pedofilia)... Porém, a história "peca" na hora de mostrar o estupro da mocinha (o das nativas, fica claro que acontece)... Parece que a heroína do filme não foi violentada uma única vez durante o tempo em que esteve no cativeiro (foi salva no momento em que seria), quando ela certamente deveria ter sido violentada trocentas vezes, e só poderia ter saido andando no final da história se aquela conversa acerca do tamanho da genitália dos orientais for verdadeira... Mas eu mencionei isso porque, já que o filme tem essa abordagem polêmica, nada bonitinha, e real, da guerra, ele poderia ter chutado o balde e fechado com chave de ouro: devido ao tempo passado no cativeiro, e sendo estuprada milhões de vezes ao dia, e mais vezes ainda à noite, a mocinha da história certamente teria engravidado... E aí? O que a missionária religiosa faz depois? Aborta, ou tem o bebê? "Mamãe, mamãe, quem é o meu pai?" - "Não sei não, meu filho, afinal, eram mais de cem soldados... Mas não importa, afinal, o Rambo explodiu todos eles, mesmo..."...

Essa história serve como lição: meninos e meninas, tomem banho diariamente, escovem os dentes 4 vezes ao dia, comam frutas, legumes e verduras, estudem e façam seus deveres de casa e, acima de tudo, não sejam idiotas: aprendam que esse tal de ser humano é um bicho ruim, mas você não tem que necessariamente ser assim (rima não intencional); só tem que aprender a lidar com isso e fazer o possível para não deixar que os piores expoentes da espécie façam o que bem entendem.

Antes que algum leitor não existente venha reclamar, dizendo que não se pode generalizar, eu já aviso logo que isso é argumento de quem não sabe matemática. Se 90% das pessoas não presta, então eu posso dizer que todo mundo não presta. Os 10% restantes são margem de erro... Pontos fora da curva... Só o que se pode argumentar é que meu espaço amostral é viciado, e sendo esse o caso, a minha generalização realmente passa a ser falsa... Mas não imagino que seja assim. Quem quiser, divirta-se fazendo o teste do chi quadrado...

E, já refutando outro argumento que ninguém vai apresentar, mesmo: "Quem é você para julgar quem é um monstro e quem não é?". Respondo: sou um ser humano. A existência de deus não faz o menor sentido, e esses tais de "céu" e "inferno" são conceitos criados para nos deixarem quietinhos em nossos cantos, de modo a simplesmente aceitarmos as injustiças (sendo que "justiça" é um conceito humano, inexistente na natureza, logo, cada um tem a sua) sem fazermos nada a respeito delas. Ninguém vai ganhar seu lote de terra no céu se ficar oferecendo a outra face a ponto de seus olhos saltarem de suas órbitas devido ao tamanho descomunal de porradas que certamente se leva seguindo essa linha de ação (ou inação). Caso considere que algo é injusto, faça alguma coisa a respeito; esperar morrer para ver se alguma divindade passa a mão na sua cabeça (sem duplo sentido, por favor) não é uma boa política, na minha modesta (e correta, hehehe...) opinião... Ou seja: para mim, é obrigação de cada ser humano julgar seu semelhante, sim... Por isso, eu julgo os meus. E sei que também sou julgado.

Caso não tenha ficado bem explicado: o filme é bom porque joga na nossa cara tudo de ruim que nossa espécie é capaz de fazer. Nós devemos assistir, ficarmos com nojo de nós mesmos, e pararmos com a hipocrisia.

O Gandhi conseguiu expulsar os ingleses da Índia porque atacou onde mais dói no ser humano: o bolso. Os ingleses não podiam simplesmente matar todo mundo, porque ficariam sem ter quem trabalhar para eles. E, como manter os soldados lá na Índia era caro, e a munição também custa dinheiro, foi economicamente mais viável sair de lá do que matar todo mundo só de birra, por se recusarem a trabalhar (e a lutar contra os ingleses, também, o que poderia justificar o gasto com o exército e com a munição)... Em outras situações, essa abordagem não funciona... Basta ver a eficácia zero das passeatas pela paz aqui no Rio... "Olho por olho, e todo mundo fica cego"... Se não há a segunda parte, só o agredido fica cego. Muito útil. Assim, todo mundo vai querer ser agressor. Era só tirar essa abordagem newtoniana de "sentido contrário e mesma intensidade" dessa parte do Código de Hamurabi, e trocar para algo como "dente por arcada dentária". Se a punição pela atitude espírito de porco fosse algo com uma intensidade 10 vezes pior, a atitude inicial não ocorreria.

Mas chega. Para finalizar, segue um link para a letra da musiquinha do Rambo cantada pela Xuxa.

Rambo, Rambo, Rambo, ô ô ô ô
Rambo, Rambo, Rambo...

Um comentário:

Jiroumaru disse...

Rambo é foda e ponto.