domingo, 9 de junho de 2013

Prometheus


É companheiros, o bagulho tá ficando complicado até pro lado do Ridley Scott. Prometheus, de 2012, foi uma bola cantanda pelo diretor por um bom tempo. Ao longo da produção, o diretor cansou de jogar informações no ar, falando aos quatro ventos como esse filme ia ser foda, como ele ia relacionar isso com o Alien - o oitavo passageiro e mais um monte de blá blá blá. O cara invocava questões existenciais e filosóficas, e óbviamente, colocou uma expectativa bem alta em torno da película. Já tinha gente apressadinha botando a banca de que o filme seria um novo 2001. Menos rapaziada, menos... E se preparem, porque a resenha é longa.
O filme começa naquele template clássico de filmes pretensiosos, uma cena meio vazia e enigmática que introduz o filme. Do nada, numa cachoeira, aparece um gigante albino bombado. Ele abre um pote de metal, toma uma gororoba preta, tem uns tremiliques, começa a se dissolver e cai na água, até vermos a estrutura do DNA do bicho na água. Antes que você ache isso estranho, é isso mesmo que você leu, o cara era um GIGANTE ALBINO BOMBADO.


Eu disse que era um albino bombado.

 Depois disso, vem outra cena introdutória, mas que ocorre em 2080 e cacetada. Dois arqueólogos encontram um caverna com pinturas rupestres na Inglaterra. Eles comentam que a pintura tem um desenho que eles já haviam visto antes: pessoas apontando para o céu, e uma constelação, em um padrão específico. Logo após isso, já é mostrada uma cena no espaço sideral, aonde a nave Prometheus segue para um rumo específico e desconhecido da humanidade.
Dentro da nave, todos estão em um sono criogênico, e apenas uma pessoa a bordo está no controle da nave. Mais tarde é revelado que ele é David (Michael Fassbender), um androide, que durante os dois anos da viagem ficou monitorando a nave, aprendendo diversos padrões linguísticos e também se amarrava em xeretar o sonho da tripulação adormecida.
Os tripulantes acordam (são uns 20 mais ou menos), e vem aquela lenga lenga toda para as coisas começarem de fato. Todos são reunidos numa sala de projeção, aonde a chefe da bagaça, Meridith Vickers (Charlize Theron) já chega metendo bronca, dizendo que é ela que manda naquela porra. Ela mostra um filme, aonde o cara que pagou esse passeio diz o que eles vão fazer. Peter Weyland (Guy Pierce), um velhinho já com o pé na cova, diz que provavelmente já está morto, mas gravou a mensagem antes da missão partir. Ele foi convencido pelos dois arqueólogos a patrocinar a viagem e os indica como os líderes da missão. Os arqueólogos, Dr. Holloway e Dra. Shaw dizem terem encontrados diversos mapas estelares idênticos em vários sítios arqueológicos de diferentes locais do mundo. Eles acham que uma raça de seres, que eles chamam de engenheiros, criou a vida na Terra e depois de olhar vários rabiscos em pedras de todo o mundo, querem levar um papo com os tais alienígenas. A tripulação meio que caga pra isso tudo, pois são mercenários e só querem dinheiro.
O negócio vai ladeira abaixo quando eles chegam no planeta de fato. Eles mal acabam de realizar a entrada na atmosfera e já acham uma espécie de edificação, uma caverna. A nave pousa e o Dr. Holloway, que parece ser um fanfarrão, já quer sair logo para visitar a casa dos aliens. E nessa hora, o filme, pelo menos para mim, começa a chafurdar na merda. Tudo o que rola daqui para frente não faz o menor sentido.
Dr. Holloway diz que quer descer e ver a casa dos aliens. O capitão da nave diz que vai ficar escuro logo e é melhor ir no dia seguinte. O Doutorzinho de merda liga o foda-se e diz que vai sair de qualquer jeito. Cara, vamos lá, não precisa ser esperto para ver que essa é uma decisão mal tomada. Ninguém conhece a porra do planeta, ninguém sabe como é la fora e ninguém sabe o que tem dentro da tal caverna. Custava esperar mais um dia? E o mais legal, é que ninguém contesta porra nenhuma.
Eles pegam uns carros, vão até a caverna e começam a trabalhar. Fora da caverna o ar é venenoso, mas ao chegarem em determinado ponto da estrutura, os instrumentos indicam que o ar é respirável. Dr. Holloway, que deve ter tirado o diploma numa faculdade bem vagabunda, resolve ligar o foda-se de novo e retira o capacete. Todos se desesperam tentando impedi-lo, mas ele segue todo pimpão respirando. E aí o que todos fazem? Eles fazem o mesmo! Sim, se uma pessoa age de uma maneira estúpida, vamos logo todos fazer o mesmo! Foda-se que podem existir milhares de microrganismos alienígenas, foda-se que o resto da caverna possa ser venenosa e foda-se que eles são cientistas e deveriam ser mais espertos que isso.
Em algum momento, eles acham uma pilha de cadáveres de alien, todos com o peito arrebentado, que nem nos filmes do Alien. Enquanto examinam o presunto espacial, David, o robô doidão, abre uma porta que revela uma estátua de uma cabeça enorme e vários cilindros metálicos no chão. Dois dos tripulantes ficam putos e começam a voltar com cagaço. Enquanto examinam uma cabeça, David coleta um dos cilindros na encolha, e outros cilindros começam a vazar uma meleca preta. A essa altura eu já nem questiono nada, porque depois de sair respirando esse ar, ficar nesse ambiente é fichinha né?

Isso aí galera, tudo sussa na caverna dos aliens.
 
A nave alerta sobre uma tempestade de areia dizendo que todos devem voltar. Eles retornam de maneira dramática, mas acabam perdendo os dois caras que tentaram voltar antes. Eu me pergunto como isso aconteceu, já que a merda da nave tem um mapa 3D do local. Eles não podiam ter ensinado o caminho para os dois arrombados?
Dentro da nave, eles examinam a cabeça e pelas amostras de DNA eles verificam que os humanos tem a mesma estrutura que eles. Vale ressaltar que experimento é conduzido totalmente a bangu e alguns frigoríficos devem fazer um trabalho mais profissional que desses cientistas fajutos. Enquanto isso, David desmonta o cilindro, pega uma gota da meleca preta e coloca na bebida do Holloway, que toma a cachaça batizada, todo animadão. Depois disso ele vai levar um lero com a Shaw, que é a peguete dele. Eles ficam meio boladinhos de terem achado os aliens, e isso abalou a fé deles. Bem, não vou entrar em muitas discussões profundas aqui, mas se você vai pro espaço pra encontrar aliens que criaram a tua espécie e mesmo assim você tem convicções religiosas, você está com muitos problemas. Eles meio que brigam, mas logo vão pra uma sessão de gansinho pra liberar o stress.
Enquanto isso, os dois caras abandonados estão com problemas. Eles encontram uma cobra albina alienígena. Se fosse eu, eu estaria me cagando de medo e correria que nem o diabo corre da cruz, mas um deles que é biólogo, resolve brincar de Animal Planet e tentar pegar o "bichinho". Os dois acabam mortos numa cena bem patética.
Sem saber disso, a tripulação volta à caverna para tentar achá-los. David se adianta e acha mais partes da caverna. Com seus conhecimentos de linguística ele consegue achar um engenheiro dormindo em criogenia, ativar dispositivos em uma sala, revelando uma mapa holográfico que, adivinhem só, aponta para o planeta Terra. Enquanto David brinca com as luzes, Holloway começa a ter um caganeira séria. Ok, não é uma caganeira, mas ele está bem ferrado e todos resolvem voltar. A dona da missão diz que ele não entra na nave e o incinera, deixando A Dra. Shaw bolada. Logo em seguida ela é nocauteada para horas depois ser acordada por David, em um ambulatório. Ele diz que ela está grávida, só que ela é estéril. Ela fica assustada pra cacete, mas parece que David não quer deixá-la abortar o feto, que ela já sacou que não é exatamente humano. Ela é dopada, mas horas depois ela consegue fugir do ambulatório e ir para os aposentos de Vickers, aonde tem um equipamento de cirurgia automatizado. Ela consegue fazer uma cesariana super expressa e de dentro dela sai um bicho cinza muito bizarro. 

Que coisinha lida do papai!

Saindo da cirurgia, toda ferrada, ela sai andando por aí e encontra o Sr. Weyland, que ainda está vivo, mas durante vários anos ficou em sono criogênico, estilo Walt Disney, porque ele acha que se levar uma conversa com os gigantes albinos bombados ele pode ser imortal. Antes deles saírem, um dos caras abandonados que devia estar morto aparece na nave com uma aparência bizarra e sai matando geral no hangar. Depois de uma meia dúzia de tripulantes morrerem, conseguem matar o bicho-homem. E lógico que isso não é nenhum problema né? Se o coroa tá pagando, dane-se o perigo, vamos lá fazer o que ele está mandando. 
A maioria vai para a caverna, inclusive a Dr. Shaw recém saída de uma cesariana. David acorda o engenheiro e tenta levar um papo com ele, mas o albino bombado lhe arranca a cabeça, mata quase todos em volta, menos a Shaw e a cabeça de David. A doutora começa a correr que nem uma condenada e os tripulantes da nave sacam que parte da caverna na verdade é uma nave espacial. David avisa que o albino bombado vai para a Terra, e que provavelmente vai matar geral lá. O capitão põe a Prometheus para colidir com a nave, mas antes ejeta a nave auxiliar e Vickers escapa em uma capsula de evacuação. As duas naves colidem, e Vickers e Shaw se encontram no meio da zona toda. Nessa hora meus caros vem a cena mais vergonhosa do fime. A nave dos engenheiros, que parece uma rosquinha gigante, cai de uma maneira que ela começa a rolar. As duas mulheres começam a correr, e que nem personagem de desenho animado ficam fugindo da rosquinha gigante, até que a Shaw tropeça e faz a única coisa inteligente no filme: rola para o lado. Vickers é esmagada, em uma cena digna de um desenho do papa-léguas. Na boa, era tão difícil assim correr para um dos lados?
Shaw vai até a nave auxiliar, e fica na merda, porque é o mesmo local aonde ela arrancou o neném alien, e a situação só piora, porque o bicho não morreu e está solto na sala de cirurgia. Como se não pudesse ficar pior, David avisa que o engenheiro está indo até ela para acertar as contas. Shaw solta o alien que ela pariu pra cima do albino bombado e consegue se safar, saindo da nave.

Dra. Shaw praticando um MMA. Albino foi finalizado.
Dentro da nave, o albino bombado morre e de dentro dele brota um alien magricelo, com um cabeção, que obviamente lembra o alien dos filmes.
E no final, olha só que beleza, David, reduzido a uma cabeça falante, convence a Shaw a salvá-lo, pois ele consegue pilotar as naves dos engenheiros, mas ao invés de voltar para a Terra, Shaw decide que eles vão para o planeta de onde os engenheiros vieram. Sei lá, pra quê. A imagem abaixo resume bem o que eu sinto.



Prometheus não consegue se decidir sobre o que quer ser. O filme possui uma pretensão absurda ao lidar com temas como criação, religião, fé, mas fica com essa missão de amarrar tudo ao filme original do Alien, e a história não ganha em nada com isso. Os personagens não inspiram nenhuma empatia, tomando decisões questionáveis e até mesmo estúpidas. Ao invés de você torcer por eles, a vontade que dá é que eles morram logo e o filme termine rápido. No geral os atores não estão mal, talvez com a notável exceção de Charlize Theron, que está estupidamente canastrona em uma personagem que não adiciona em nada na trama. O visual é inquestionável, uma evidência de que Scott ainda entende do assunto. Resumo: tentou fazer um 2001 misturado com Alien. Não conseguiu uma coisa nem outra.

Nota: 5,0