Não faço idéia da data estelar, mas lembro que foi no início do segundo semestre de 2003... Havia sido mais uma noite mal dormida, praticamente virada... Isto porque, no dia anterior, além dos sempre presentes trabalhos, sempre complicados, eu também tinha tirado um tempo para ver “Uma Mente Brilhante”, filme no qual John Nash "pega" a Jennifer Connelly usando matemática (ele é “o cara”!)...
Era um dia nublado... Manhã, bem cedo, bem antes das oito horas... Eu, praticamente um cachorro de Pavlov, agindo por puro condicionamento devido ao sono, havia pegado aquele 485 lotado, cheio de gente fedorenta, para ir à UFRJ... Eram os “tempos áureos” da condução, no qual aquela conversa de que “2 corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” costumava ser deixada de lado para que fosse possível se acomodar aquela imensa quantidade de gente dentro do ônibus (como naqueles carros de palhaços, em circos)...
A viagem prossegue normalmente, até que finalmente o 485 pára em frente ao prédio da Arquitetura (Reitoria)... Então, noto que, de repente, tudo começa a se mover em câmera lenta... O barulho das conversas em volta começa a ficar arrastado... Fico sem compreender o que está acontecendo até que, ao olhar para fora do ônibus, vejo que dele desceu uma loira estonteante... Ela vai caminhando (bem devagar, devido ao efeito da câmera lenta... ou então minha percepção estava alterada devido a minha extrema sonolência, sei lá), seus cabelos balançando ao vendo... Uau!
Tal visão me lembrou do conceito de “beleza helênica”, como um colega meu, comparsa deste blog, bem definiu: seria uma beleza tão sublime (de fato, indefinível pelo linguajar de meros mortais) que certamente faria alguém juntar os maiores reis de seu tempo e seus exércitos, conseguindo a maior força armada que o mundo já vira, para atacar uma cidade até então inconquistável, só pela chance de se poder ter a mulher portadora de tal característica em seus braços...
Enquanto pensava nisso, chegando no Centro de Tecnologia, alo aconteceu: um dendrito se esticou e “zap”! "Alcançou" um telodendro de outro neurônio mais próximo, formando uma nova sinapse (eu sei que eles não se "encostam", caso isso não tenha ficado claro com a palavra "sinapse", e com "alcançou" entre aspas...) e, com este novo caminho para os impulsos nervosos "passearem", tudo subitamente foi compreendido (não assim, de imediato, claro)! E certo, "tudo" é forte, mas muita coisa foi, ainda mais caso se compare com a ignorância anterior à inspiração divina ornitorrínquica!
Me lembrei, então, da tomada de Tróia... Cavalo de madeira cheio de soldados, prontos para invadir e atacar a cidade (Odisseu malandro)... Pensei, então, em fazer algo meio que oposto, e comecei a comentar com alguns colegas, enquanto as aulas não começavam... Alguma estrutura de madeira igualmente gigante, mas com o objetivo de seqüestrar as arquitetas, colocando-as dentro do construto... Como o projeto seria realizado por engenheiros, pensei primeiramente em um transformador gigante, idéia rapidamente descartada, afinal, que mulher em sã consciência iria se dirigir a um transformador de madeira gigante?
Não... Precisava ser algo irresistível... Uma imagem de apelo invencível... Mas ninguém conseguia pensar em algo... Até que, de repente, me veio à mente: ornitorrinco!
O ornitorrinco é o verdadeiro paragão dos animais: parece um saco de batatas, tem um esporão venenoso (os machos), tem um rabo “gordo” (usa-o para armazenar gordura), põe ovos, tem patas e bico de pato (parecem...), e ainda consegue usá-lo para beber o leite materno! E quem já viu sabe a violência e selvageria de uma luta entre dois seres desta espécie: a técnica empregada pelos bichos é tamanha que nem mesmo o mestre de kung fu mais perspicaz conseguiu copiar seu estilo, de modo a criar mais uma modalidade da famosa arte marcial chinesa! E, para completar, ele ainda possui um “sentido de ornitorrinco” (morra de inveja, Homem-Aranha!): seria uma espécie de eletrorecepção, com a qual o ornitorrinco pode determinar a localização de sua presa ao detectar campos elétricos gerados por contrações musculares. Quer dizer, isso em parte; ele também combina tal sentido com o tato, usado para sentir ondulações na água, produzidas devido aos movimentos que sua presa realiza no ambiente. Só não jogue uma bateria na água; isso deixa o ornitorrinco doidão (deve “dar onda”, hahaha)...
Porém, ser um ornitorrinco não bastava... Assim, ele rapidamente se transformou em um ornitorrinco "amante latino"; "pegador", para conquistar as mulheres... Foi então que se tornou um mariachi, com direito a “sombrero” (gigante) e bigodinho característico... E, além disso, por se tratar de um animal de classe, refinado, seu banjo é um Stradivarius...
E assim foi...
Agora, poupo os eventuais leitores de uma descrição com relação ao projeto de construção do ornitorrinco de madeira gigante, que envolve coisas com as quais pessoas sãs não entraram em contato, como Controle Linear...
Pois bem: logo o conceito se desenvolveu; a idéia cresceu... Foi tornando-se cada vez maior, até ganhar vida própria; absolutamente independente de seus "criadores"... Tanto que hoje está claro que tudo surgiu em um momento de inspiração divina, na qual se foi possível entrar em contato com esta entidade superior da existência, um ser cósmico, que é o ornitorrinco mariachi (daí as aspas em “criadores”...). Isso tudo de modo a se poder receber seus ensinamentos.
Então, agora, cabe a nós repassar tudo o que vai sendo captado ao restante do mundo, numa luta inclemente contra a ignomínia intelectual! A palavra do Ornithorhynchus anatinus será ouvida nos 4 cantos da Terra!
E assim Sancho, o ornitorrinco mariachi, ídolo de uma geração, finalmente revelou a todos sua existência... E o mundo nunca mais seria o mesmo.
P.S.1: Nunca mais vi a loira...
P.S.2: É claro que ninguém pensou em construir de verdade uma estrutura de madeira gigante destinada ao seqüestro de moças... Pelo menos, espero que não... Hehehe...
Era um dia nublado... Manhã, bem cedo, bem antes das oito horas... Eu, praticamente um cachorro de Pavlov, agindo por puro condicionamento devido ao sono, havia pegado aquele 485 lotado, cheio de gente fedorenta, para ir à UFRJ... Eram os “tempos áureos” da condução, no qual aquela conversa de que “2 corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” costumava ser deixada de lado para que fosse possível se acomodar aquela imensa quantidade de gente dentro do ônibus (como naqueles carros de palhaços, em circos)...
A viagem prossegue normalmente, até que finalmente o 485 pára em frente ao prédio da Arquitetura (Reitoria)... Então, noto que, de repente, tudo começa a se mover em câmera lenta... O barulho das conversas em volta começa a ficar arrastado... Fico sem compreender o que está acontecendo até que, ao olhar para fora do ônibus, vejo que dele desceu uma loira estonteante... Ela vai caminhando (bem devagar, devido ao efeito da câmera lenta... ou então minha percepção estava alterada devido a minha extrema sonolência, sei lá), seus cabelos balançando ao vendo... Uau!
Tal visão me lembrou do conceito de “beleza helênica”, como um colega meu, comparsa deste blog, bem definiu: seria uma beleza tão sublime (de fato, indefinível pelo linguajar de meros mortais) que certamente faria alguém juntar os maiores reis de seu tempo e seus exércitos, conseguindo a maior força armada que o mundo já vira, para atacar uma cidade até então inconquistável, só pela chance de se poder ter a mulher portadora de tal característica em seus braços...
Enquanto pensava nisso, chegando no Centro de Tecnologia, alo aconteceu: um dendrito se esticou e “zap”! "Alcançou" um telodendro de outro neurônio mais próximo, formando uma nova sinapse (eu sei que eles não se "encostam", caso isso não tenha ficado claro com a palavra "sinapse", e com "alcançou" entre aspas...) e, com este novo caminho para os impulsos nervosos "passearem", tudo subitamente foi compreendido (não assim, de imediato, claro)! E certo, "tudo" é forte, mas muita coisa foi, ainda mais caso se compare com a ignorância anterior à inspiração divina ornitorrínquica!
Me lembrei, então, da tomada de Tróia... Cavalo de madeira cheio de soldados, prontos para invadir e atacar a cidade (Odisseu malandro)... Pensei, então, em fazer algo meio que oposto, e comecei a comentar com alguns colegas, enquanto as aulas não começavam... Alguma estrutura de madeira igualmente gigante, mas com o objetivo de seqüestrar as arquitetas, colocando-as dentro do construto... Como o projeto seria realizado por engenheiros, pensei primeiramente em um transformador gigante, idéia rapidamente descartada, afinal, que mulher em sã consciência iria se dirigir a um transformador de madeira gigante?
Não... Precisava ser algo irresistível... Uma imagem de apelo invencível... Mas ninguém conseguia pensar em algo... Até que, de repente, me veio à mente: ornitorrinco!
O ornitorrinco é o verdadeiro paragão dos animais: parece um saco de batatas, tem um esporão venenoso (os machos), tem um rabo “gordo” (usa-o para armazenar gordura), põe ovos, tem patas e bico de pato (parecem...), e ainda consegue usá-lo para beber o leite materno! E quem já viu sabe a violência e selvageria de uma luta entre dois seres desta espécie: a técnica empregada pelos bichos é tamanha que nem mesmo o mestre de kung fu mais perspicaz conseguiu copiar seu estilo, de modo a criar mais uma modalidade da famosa arte marcial chinesa! E, para completar, ele ainda possui um “sentido de ornitorrinco” (morra de inveja, Homem-Aranha!): seria uma espécie de eletrorecepção, com a qual o ornitorrinco pode determinar a localização de sua presa ao detectar campos elétricos gerados por contrações musculares. Quer dizer, isso em parte; ele também combina tal sentido com o tato, usado para sentir ondulações na água, produzidas devido aos movimentos que sua presa realiza no ambiente. Só não jogue uma bateria na água; isso deixa o ornitorrinco doidão (deve “dar onda”, hahaha)...
Porém, ser um ornitorrinco não bastava... Assim, ele rapidamente se transformou em um ornitorrinco "amante latino"; "pegador", para conquistar as mulheres... Foi então que se tornou um mariachi, com direito a “sombrero” (gigante) e bigodinho característico... E, além disso, por se tratar de um animal de classe, refinado, seu banjo é um Stradivarius...
E assim foi...
Agora, poupo os eventuais leitores de uma descrição com relação ao projeto de construção do ornitorrinco de madeira gigante, que envolve coisas com as quais pessoas sãs não entraram em contato, como Controle Linear...
Pois bem: logo o conceito se desenvolveu; a idéia cresceu... Foi tornando-se cada vez maior, até ganhar vida própria; absolutamente independente de seus "criadores"... Tanto que hoje está claro que tudo surgiu em um momento de inspiração divina, na qual se foi possível entrar em contato com esta entidade superior da existência, um ser cósmico, que é o ornitorrinco mariachi (daí as aspas em “criadores”...). Isso tudo de modo a se poder receber seus ensinamentos.
Então, agora, cabe a nós repassar tudo o que vai sendo captado ao restante do mundo, numa luta inclemente contra a ignomínia intelectual! A palavra do Ornithorhynchus anatinus será ouvida nos 4 cantos da Terra!
E assim Sancho, o ornitorrinco mariachi, ídolo de uma geração, finalmente revelou a todos sua existência... E o mundo nunca mais seria o mesmo.
P.S.1: Nunca mais vi a loira...
P.S.2: É claro que ninguém pensou em construir de verdade uma estrutura de madeira gigante destinada ao seqüestro de moças... Pelo menos, espero que não... Hehehe...
5 comentários:
O nome do post deveria ser Onitorrinchae et Principiae
Porra Gustavo, o blog é seu ou é do Sancho? hehehe
Troquei o nome do post.
Cara eu tava ZOANDO que o nome do post devia ser esse.
auahuahauhauhauhauahuahhu
Devolvi o título original do post...
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