quinta-feira, 26 de março de 2009

O Dia que a Terra Parou

Mais um manual sórdido de como estuprar um clássico. Caso algum garoto juvenil não saiba, este filme é um remake bem safado do filme homônimo (pra idiotas, quer dizer que tem o mesmo nome) de 1951. Não irei falar muito sobre o original que é muito bom, pois seria chover no molhado.
O enredo é simples e direto. Uma nave espacial desce à Terra num centro populoso. Um E.T sai da nave, tenta se comunicar com os humanos. Os humanos chegam pranchando no E.T. e um robô sinistro sai acabando com todo mundo. O E.T. foge, observa os humanos, e no fim ele volta pro espaço, mas antes avisa que os humanos têm que ficar na encolha se não quiserem comer capim pela raiz.
Este DEVERIA ter sido o enredo. Neste remake vagabundo, eles tentam explicar muita coisa, tentam ser politicamente corretos e terminam fazendo uma pilha fumegante de merda. O filme começa com o Keanu Reeves, numa década distante acampando no Himalaia. Do nada uma bola gigante que brilha suga ele e a cena acaba por aí.
Anos depois aparece a Jennifer Connelly em casa dando esporro no filho do Will Smith, e dá a entender que é filho dela. Depois a gente descobre que ela é ASTROBIÓLOGA (como se essa porra de profissão existisse). O fato é que do nada chamam ela pra uma força-tarefa-secreta-pra-descobrir-algo-bizonho-do-espaço.
Agora PARA TUDO. .... Quem esses roteiristas de merda pensam que enganam? Puta que pariu, ASTROBIÓLOGA? Tipo, na boa, eu sei que existem milhões de pós-graduações no planeta, mas aonde diabos essa mulher andou viajando pra achar seres vivos em outros planetas? Tipo, ninguém vira Astrobiólogo, no máximo você estuda astrobiologia e mesmo assim com as suas limitações.
Outra coisa, eu sempre me surpreendo como os idiotas de Hollywood acham que impressionam quando seqüestram um monte de cientistas pra descobrir algo, e mais idiota ainda, do nada, sem nunca se verem os cientistas em cinco minutos conseguem formular teorias elaboradíssimas.
Agora continuando com a história: os cientistas descobrem que tem um bagulho gigante espacial vindo pra Terra. Passado o drama tosquíssimo das pessoas achando que um meteoro veio pra triturar a galera, chega uma bola gigante no Central Park de NY, tipo a que sugou o Neo na primeira cena. Junto com essa, milhares de outras menores pousam em vários locais do planeta. Como sempre nesses filmes, geral se junta em volta do OVNI com armas em punho. Da bola sai uma massa disforme que deveria ser o E.T. e pra variar a raça humana faz a cagada de receber o ser alienígena a chumbo. Da bola gigante sai um robô gigante BOLADÃO que já chega revidando. O E.T. pede pro robô parar e a Jennifer Connelly leva ele pra uma sala de cirurgia aonde aos poucos ele vai perdendo as camadas de gosma e vai virando o Neo (nossa... que surpresa....). O E.T. vai aprendendo a falar a nossa língua e começa aquele esquema de maluquinhos do governo o interrogarem.
Até aí o filme é aceitável. No original as coisas eram mais simples pelo fato do aparato tecnológico da época ser mais primitivo. Hoje em dia monitoramos o espaço e temos muitos mais satélites e telescópios.
O fato é que o Neo tá tentando mandar uma mensagem pro mundo todo e como os humanos são gente muito boa, negam isso a ele. Ele fica puto, esculacha geral, e com a ajuda da Jennifer Connelly, sai viajando por aí. Daí pra frente a história vai virando uma escrotice completa, porque a Jennifer precisa cuidar do filho do Will Smith, que através de um dramalhão tosquíssimo, descobrimos que não é filho dela, mas filho do falecido marido dela que morreu trabalhando como soldado-engenheiro no Iraque. Logicamente rola aquele drama de filho que não gosta da madrasta, mas o que deveria te comover te irrita, porque o filho do Will Smith é um moleque irritante pra cacete. Você fica pedindo pro Neo matar ele ou dar uma banda nele só pra ele calar a boca.
Nesse meio tempo o Neo marca um encontro com um "amigo". Eles vão pra um McDonald's e começam a conversar no que eu achei que era Chinês, e você saca que o outro sujeito também é um E.T. que tava na Terra a mais tempo e tava observando geral para decidir o futuro da raça humana. O Neo decide que vai rapinar os humanos da Terra e começa o "processo". Ele procura uma das bolas pequenas que pousaram e elas começam a reagir. Neste ponto, qualquer pessoa com um pouco de cérebro já adivinha tudo o que vai acontecer. As bolas começam a atrair animais para dentro e elas vão ascendendo, e rapidinho você saca que isso é tipo uma arca de Noé alienígena e você percebe que este é um filminho ecologicamente correto, solidário, sustentável e carbono zero.
Rapidamente a Jennifer Connelly saca o que tá acontecendo e começa o papinho de "a raça humana é escrota mas nem tanto" e "nos dê uma chance" e Neo vem com a conversa de "vocês avacalharam com o planeta". Ela tenta convencê-lo levando-o a um cientista famoso e vem aquele discurso de "nós temos coisas boas", o que já era ruim só vai piorando. Nesse meio tempo o exército fica tentando zoar com o robô gigante do Neo e se fode completamente, pois o robô começa a se dividir em nano-insetos-metálicos-devoradores-replicantes e começam o processo de extinção dos humanos. Logicamente no fim, o filho do Will Smith fica amiguinho da Jennifer Connelly e comove o Neo, que para o processo de esculhambação com os humanos e todos na Terra aprendem que devem ser solidários, sustentáveis e carbono zero.
O filme é irritante, previsível e ao contrário do primeiro, é piegas até não poder mais. No primeiro filme o E.T. nunca chega realmente a ameaçar os humanos, ele só demonstra seu poder ao interromper toda a energia do planeta por um curto período de tempo. O primeiro filme é muito mais interessante pois mostra o E.T. passando o tempo com um garoto filho de mãe solteira e eles desenvolvem amizade e o E.T. usa isso como meio de avaliar a raça humana. E o mais importante, o RECADO do E.T. no primeiro filme é muito mais importante. Ele avisa que a Terra tem que ficar piano, pois se não ficarem eles vão mandar o robô sinistro (GORT) de volta pra enfiar a porrada nos humanos pois eles não admitem zoação na galáxia.
Neste filme, os produtores apostaram na mensagem ecologicamente correta mas SE FUDERAM porque esta merda afundou na bilheteria.

Vamos aos quesitos.
Atuação: uma merda. A Jennifer Connelly fez o papel nas coxas. O Neo ligou o automático e cagou. O filho do Will Smith tem metade da culpa por esse filme ser uma merda, pra vocês verem o quanto esse moleque é irritante.
Efeitos: o robô nesse filme realmente ficou muito legal.
Direção: pobre, não tentou fazer nada de interessante. Se ateu a contar uma história fraca que não aproveitou os pontos interessantes do filme original. Tentou impressionar com a cena de fim do mundo e falhou miseravelmente.

Nota: 3,5

terça-feira, 24 de março de 2009

E a placa diz: EU JÁ SABIA


Em novembro de 2007 eu já havia escrito a merda que eu achava que o Watchmen ia ser no cinema. Ninguém lê isso aqui mesmo, mas se algum infeliz quiser ler o que eu escrevi, clique aqui.
A impressão que eu tive é que Znider seguiu o manual de 300. Fez um filme com uma violência gore e colocou uma cena de sexo desnecessária. Os mais idiotas podem argumentar dizendo que Watchmen tem violência e sexo, mas basta uma comparação simples para ver que está desproporcional. Ozymandias virou um vilão afetado, deixando de ser um personagem enigmático, brilhante e temível como é retratado na HQ. E o que me deixou mais puto, colocou toda a tensão da guerra fria numa disputa por recursos energéticos, fazendo do filme mais uma palhaçada carbono zero, sustentável e solidária.
Obviamente o filme tem seus acertos, como a seqüencia inicial, o Comediante e Rorschach que foram muito bem interpretados e algumas músicas da trilha foram muito boas (quando o Coruja e Rorschach estão indo para o Ártico, a música de Jimmy Hendrix ficou muito legal). Novamente a fidelidade visual é o forte de Snider, mas no fim nada disso segura a onda.
Outros fatores não são exatamente culpa da direção. A HQ é extensa e a pretensão de se tentar passar tudo numa única película faz com que se tenha a sensação de ser arremessado numa montanha de fatos, cenas muito cheias e entupidas de referências e uma música muito alta às vezes.
Pra coroar isso, Watchmen está tomando na tarraqueta nas bilheterias, o que não é exatamente uma surpresa, dado à falta de apelo dos personagens e o status cult da HQ.


terça-feira, 17 de março de 2009

Catarse


1 - "Fatos" e "opiniões" são coisas distintas. Tenta-se convencer os outros com relação a opiniões; opiniões, se discutem. Fatos não se discutem, se explicam/entendem.

2 - Estruturar o pensamento de modo a se obter coerência de raciocínio não impede ninguém de "pensar fora da caixa". Raciocinar logicamente e criatividade não são mutuamente excludentes. O primeiro não implica na inibição do segundo. Pensar assim seria um "Non Sequitur"...

3 - 2 + 2 não deixa de ser 4 porque se entregou a prova de matemática ao professor. O mesmo vale para qualquer coisa que se tenha aprendido numa sala de aula.

4 - "Método Científico" é algo ensinado na terceira série primária. Não pode ser um conceito assim, tão difícil de se compreender... E é por isso que fico estupefato em ver que quase ninguém o entende.

5 - Antigamente (certo, até hoje ainda fazem isso), quando não se entendia algo, se inventava uma explicação, ou seja, se mentia. Aí veio o nosso amigo Método Científico e, em vez de se inventar, se passou a tentar compreender como as coisas funcionam. A Ciência não limita o Homem, muito pelo contrário, ela o liberta de sua ignorância.

6 - "Não leio o que você escreve; não ouço o que você diz, mas não concordo com você" é uma postura mais do que estúpida.

7 - Não acreditar em algo sem que haja provas é ceticismo. Acreditar em algo sem que haja provas a favor ou contra esse algo é fé. Acreditar em algo apesar das evidências que mostram que esse algo é falso é burrice. Pelo menos, no meu dicionário.

E, para finalizar, um link hilário: Evangelical Scientists Refute Gravity With New 'Intelligent Falling' Theory.