Como não sei fazer resenha de filme, criticar atuações, e afins, vou só contar os pequenos aspectos da história que me incomodaram (e que impediram esse filme de ser extremamente bom -mas ainda assim distante do "absolutamente genial"-, na minha opinião, ao invés de "somente" muito divertido). Ou seja, muitos spoilers.
Mas primeiro, um elogio: ao "brincar" com viagens no tempo, gerando uma realidade alternativa, distinta da realidade mostrada nas demais séries e filmes anteriores, o roteirista conseguiu se livrar da ira dos fãs xiitas, que no caso puderam simplesmente aproveitar o filme sem se incomodarem com inconsistências (que fatalmente existiriam caso o filme estivesse relacionado a tudo o que já veio antes) ou leves alterações nas personalidades dos personagens. Ponto para ele!
Mas vamos aos "problemas".
Primeiramente, a cena do jovem Kirk dirigindo o carro (presente inclusive em trailers). A troco de que o moleque joga o carro do alto do penhasco? Só para "pagar de rebelde"? Ridículo! Isso não faz do guri-Kirk um rebelde, somente um idiota. Ficaria melhor se ao menos desse a entender que ele jogou o carro no desfiladeiro por acidente, enquanto tentava fugir do policial.
Outro problema: mostrarem a construção de uma nave daquele tamanho na Terra, e não no espaço. Sem chances.
Mais um problema: vulcanos "não tem emoção", mas o pequeno Spock era vítima de bullying em sua escolinha alienígena? Como pode? Os vulcaninhos "puro-sangue" não deveriam apresentar as emoções que os tornariam os pequenos pela-sacos que iam lá o tempo todo perturbar o Spockzinho por ele ser um híbrido...
Uma "piorada" na história: no teste do Kobayashi Maru original (Khaaaaaaaaaaaaaaaannnn!!!!), o Kirk ganha do "programa invencível" reprogramando-o, fazendo com que os "Klingons virtuais" tivessem medo de enfrentar o "terrível Capitão Kirk" (ou algo assim) em combate... Nessa nova versão, o Kirk também reprograma o teste, porém, faz com que "do nada" as naves Klingons da simulação percam seus escudos (e não apareçam os "infinitos reforços" normais), tornando-as alvos fáceis... Prefiro a reprogramação original...
Mais um problema: ao destruírem o planeta Vulcano, acho que exageraram na contagem de terem sobrevivido somente 10 mil membros da espécie (e quem liga para a fauna e a flora do planeta?)... Isso é muito pouco! Uma raça tão avançada permaneceu vivendo em um só planeta? Acho que com 10 mil se consegue a variabilidade genética necessária para se perpetuar a espécie (estou chutando; não tenho esse conhecimento), mas tendo em vista toda a tecnologia disponível, acho que deveriam ter trocado os 10 mil por 10 milhões... Ficaria melhor...
Mas também, o que importa o conceito de "variabilidade genética"? O Spock é um híbrido de humanos e vulcanos! Espécies diferentes! Ele nem mesmo poderia existir! E, no entanto, está lá, cumprimentando os outros, mostrando a palma da mão e separando o dedo médio do anelar...
Agora, o que eu acho que mais deve incomodar "em termos de roteiro" foi a extrema coincidência de o Kirk, tendo sido isolado pelo Spock do presente (dessa realidade do filme) em um planeta gelado, ter caído pertinho do lugar onde o Spock do futuro (da realidade original de Jornada nas Estrelas) estava... Como assim? Ambos não somente foram largados no mesmo planeta, como foram deixados juntinhos um do outro? E, para completar, estavam próximos de um posto avançado da Federação, neste mesmo planeta, onde estava o Scotty (o engenheiro, único membro da série clássica que ainda não estava na Enterprise até então)? Deus Ex Machina demais...
Por fim, temos a questão da "matéria vermelha"... Uma única gotícula é capaz de produzir um buraco negro com prazo de validade (como o que foi usado para consumir o planeta Vulcano e depois desapareceu...)... Se é assim, a quantidade de matéria vermelha presente naquela esfera enorme, "explodindo", deveria ter um efeito estupidamente devastador... Mas não... Foi só uma "singularidadezinha" ligeiramente mais vitaminada que o buraco negro que detonou o planeta Vulcano... Acho que o roteirista não se tocou da questão das proporções, nesse caso...
Se não fossem esses "pequenos problemas" que mencionei, o filme realmente teria sido extremamente bom!
Em todo caso, recomendo fortemente! Que eu me lembre agora, foi fácil o melhor filme do ano! Além do que, há tempos que eu não via um filme de ficção científica bom! O último foi qual, Serenity?
Agora, alguns recados:
George Lucas, veja esse filme, e aprenda como revitalizar franquias sem ofender os fãs mais antigos e destruir a obra original!
Warner, seja gananciosa, e libere o dinheiro para que seja feito um filme para cinema (espetacular, claro) situado no universo de Babylon 5, investindo no agora ressuscitado filão de ficção científica espacial!
Ah, até parece, a Warner não consegue nem mesmo dar um jeito na sua franquia de super-heróis...
Mas enfim, esse filme foi mesmo uma boa surpresa... Eu estava esperando algo absolutamente descerebrado; somente um grande videoclipe de cenas de ação despropositais e inverossímeis... Que bom que me enganei.
Vida longa e próspera.
--------------------------
Update:
Mais uma reclamação, da qual me lembrei agora:
Kirk e Sulu caindo. Os computadores da Enterprise, pelo fato de eles não estarem "parados", não consegue fazer o teletransporte, então por causa disso o Chekov tem que fazer os cálculos "na mão"... E eu pergunto: como assim?
Os sistemas da Enterprise conseguem fazer contas de dobra espacial! Conseguem fazer contas para realizar um teletransporte! E vejam só: estar "parado" ou "se movendo" é algo relativo! O computador que faz as contas do teletransporte já tem que compensar, por exemplo, o fato de as pessoas sendo teletransportadas estarem numa superfície planetária, que tem rotação e translação (entre outras coisas)! Adicionar uma "velocidadezinha" (mesmo que variando, por conta da aceleração promovida pela gravidade de Vulcano, que devia ser mais ou menos igual à da Terra) a mais em um único vetor não é nada!
"Fica claro" que essa conta já é feita por uma questão de inércia: você remove alguém de uma superfície planetária, e a coloca sobre a plataforma de teletransporte no interior da Enterprise e, no instante seguinte após o término do teletransporte, a pessoa é arremessada com a mesma velocidade de translação do planeta em que estava em questão em direção a alguma parede da nave, e então se transforma em purê? Não!
No caso, se não fosse assim, ao serem teletransportados em queda livre, o Kirk e o Sulu iriam se estatelar no chão da plataforma de teletransporte da mesma forma...
Ou seja, tudo isso também torna a questão da morte da mãe do Spock ridícula, afinal, ela morreu porque também começou a "cair" no meio de um teletransporte...
Tudo isso só faria sentido caso fosse definido que a velocidade relativa entre as entidades teletransportadas e a Enterprise tivesse de ser zero para que o teletransporte fosse bem sucedido... Ou talvez nem assim! Afinal, por exemplo, imaginem que a Enterprise se encontra em órbita geoestacionário, e o indivíduo a ser teletransportado está do outro lado do planeta... Se as posições relativas entre ambos tivessem de permanecer inalteradas, o teletransportado iria reaparecer de cabeça para baixo na plataforma! Além do que, tenho certeza de que a matemática envolvendo teletransporte teria de levar em conta o Princípio da Incerteza de Heisenberg... Hehehehe...
E vejam só, nem mesmo estou reclamando de o Chekov ter tido de correr da ponte de comando até a sala dos teletransportadores para efetuar o teletransporte... Afinal, no futuro, eles desconhecem o conceito de "rede de computadores"? O Chekov não poderia acessar esses sistemas de teletransporte da ponte de comando, mesmo? Mas tudo bem, essa eu "deixo passar", afinal, nunca projetei uma nave espacial, e esse "problema" poderia ser explicado por uma questão de segurança, modularidade, ou sei lá mais o que...
Só ratificando, pois pode não ter ficado muito claro após tantas reclamações: eu gostei do filme!
Como sempre, só faltou mesmo uma consultoria científica mínima... Hehehehe...
Mas primeiro, um elogio: ao "brincar" com viagens no tempo, gerando uma realidade alternativa, distinta da realidade mostrada nas demais séries e filmes anteriores, o roteirista conseguiu se livrar da ira dos fãs xiitas, que no caso puderam simplesmente aproveitar o filme sem se incomodarem com inconsistências (que fatalmente existiriam caso o filme estivesse relacionado a tudo o que já veio antes) ou leves alterações nas personalidades dos personagens. Ponto para ele!
Mas vamos aos "problemas".
Primeiramente, a cena do jovem Kirk dirigindo o carro (presente inclusive em trailers). A troco de que o moleque joga o carro do alto do penhasco? Só para "pagar de rebelde"? Ridículo! Isso não faz do guri-Kirk um rebelde, somente um idiota. Ficaria melhor se ao menos desse a entender que ele jogou o carro no desfiladeiro por acidente, enquanto tentava fugir do policial.
Outro problema: mostrarem a construção de uma nave daquele tamanho na Terra, e não no espaço. Sem chances.
Mais um problema: vulcanos "não tem emoção", mas o pequeno Spock era vítima de bullying em sua escolinha alienígena? Como pode? Os vulcaninhos "puro-sangue" não deveriam apresentar as emoções que os tornariam os pequenos pela-sacos que iam lá o tempo todo perturbar o Spockzinho por ele ser um híbrido...
Uma "piorada" na história: no teste do Kobayashi Maru original (Khaaaaaaaaaaaaaaaannnn!!!!), o Kirk ganha do "programa invencível" reprogramando-o, fazendo com que os "Klingons virtuais" tivessem medo de enfrentar o "terrível Capitão Kirk" (ou algo assim) em combate... Nessa nova versão, o Kirk também reprograma o teste, porém, faz com que "do nada" as naves Klingons da simulação percam seus escudos (e não apareçam os "infinitos reforços" normais), tornando-as alvos fáceis... Prefiro a reprogramação original...
Mais um problema: ao destruírem o planeta Vulcano, acho que exageraram na contagem de terem sobrevivido somente 10 mil membros da espécie (e quem liga para a fauna e a flora do planeta?)... Isso é muito pouco! Uma raça tão avançada permaneceu vivendo em um só planeta? Acho que com 10 mil se consegue a variabilidade genética necessária para se perpetuar a espécie (estou chutando; não tenho esse conhecimento), mas tendo em vista toda a tecnologia disponível, acho que deveriam ter trocado os 10 mil por 10 milhões... Ficaria melhor...
Mas também, o que importa o conceito de "variabilidade genética"? O Spock é um híbrido de humanos e vulcanos! Espécies diferentes! Ele nem mesmo poderia existir! E, no entanto, está lá, cumprimentando os outros, mostrando a palma da mão e separando o dedo médio do anelar...
Agora, o que eu acho que mais deve incomodar "em termos de roteiro" foi a extrema coincidência de o Kirk, tendo sido isolado pelo Spock do presente (dessa realidade do filme) em um planeta gelado, ter caído pertinho do lugar onde o Spock do futuro (da realidade original de Jornada nas Estrelas) estava... Como assim? Ambos não somente foram largados no mesmo planeta, como foram deixados juntinhos um do outro? E, para completar, estavam próximos de um posto avançado da Federação, neste mesmo planeta, onde estava o Scotty (o engenheiro, único membro da série clássica que ainda não estava na Enterprise até então)? Deus Ex Machina demais...
Por fim, temos a questão da "matéria vermelha"... Uma única gotícula é capaz de produzir um buraco negro com prazo de validade (como o que foi usado para consumir o planeta Vulcano e depois desapareceu...)... Se é assim, a quantidade de matéria vermelha presente naquela esfera enorme, "explodindo", deveria ter um efeito estupidamente devastador... Mas não... Foi só uma "singularidadezinha" ligeiramente mais vitaminada que o buraco negro que detonou o planeta Vulcano... Acho que o roteirista não se tocou da questão das proporções, nesse caso...
Se não fossem esses "pequenos problemas" que mencionei, o filme realmente teria sido extremamente bom!
Em todo caso, recomendo fortemente! Que eu me lembre agora, foi fácil o melhor filme do ano! Além do que, há tempos que eu não via um filme de ficção científica bom! O último foi qual, Serenity?
Agora, alguns recados:
George Lucas, veja esse filme, e aprenda como revitalizar franquias sem ofender os fãs mais antigos e destruir a obra original!
Warner, seja gananciosa, e libere o dinheiro para que seja feito um filme para cinema (espetacular, claro) situado no universo de Babylon 5, investindo no agora ressuscitado filão de ficção científica espacial!
Ah, até parece, a Warner não consegue nem mesmo dar um jeito na sua franquia de super-heróis...
Mas enfim, esse filme foi mesmo uma boa surpresa... Eu estava esperando algo absolutamente descerebrado; somente um grande videoclipe de cenas de ação despropositais e inverossímeis... Que bom que me enganei.
Vida longa e próspera.
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Update:
Mais uma reclamação, da qual me lembrei agora:
Kirk e Sulu caindo. Os computadores da Enterprise, pelo fato de eles não estarem "parados", não consegue fazer o teletransporte, então por causa disso o Chekov tem que fazer os cálculos "na mão"... E eu pergunto: como assim?
Os sistemas da Enterprise conseguem fazer contas de dobra espacial! Conseguem fazer contas para realizar um teletransporte! E vejam só: estar "parado" ou "se movendo" é algo relativo! O computador que faz as contas do teletransporte já tem que compensar, por exemplo, o fato de as pessoas sendo teletransportadas estarem numa superfície planetária, que tem rotação e translação (entre outras coisas)! Adicionar uma "velocidadezinha" (mesmo que variando, por conta da aceleração promovida pela gravidade de Vulcano, que devia ser mais ou menos igual à da Terra) a mais em um único vetor não é nada!
"Fica claro" que essa conta já é feita por uma questão de inércia: você remove alguém de uma superfície planetária, e a coloca sobre a plataforma de teletransporte no interior da Enterprise e, no instante seguinte após o término do teletransporte, a pessoa é arremessada com a mesma velocidade de translação do planeta em que estava em questão em direção a alguma parede da nave, e então se transforma em purê? Não!
No caso, se não fosse assim, ao serem teletransportados em queda livre, o Kirk e o Sulu iriam se estatelar no chão da plataforma de teletransporte da mesma forma...
Ou seja, tudo isso também torna a questão da morte da mãe do Spock ridícula, afinal, ela morreu porque também começou a "cair" no meio de um teletransporte...
Tudo isso só faria sentido caso fosse definido que a velocidade relativa entre as entidades teletransportadas e a Enterprise tivesse de ser zero para que o teletransporte fosse bem sucedido... Ou talvez nem assim! Afinal, por exemplo, imaginem que a Enterprise se encontra em órbita geoestacionário, e o indivíduo a ser teletransportado está do outro lado do planeta... Se as posições relativas entre ambos tivessem de permanecer inalteradas, o teletransportado iria reaparecer de cabeça para baixo na plataforma! Além do que, tenho certeza de que a matemática envolvendo teletransporte teria de levar em conta o Princípio da Incerteza de Heisenberg... Hehehehe...
E vejam só, nem mesmo estou reclamando de o Chekov ter tido de correr da ponte de comando até a sala dos teletransportadores para efetuar o teletransporte... Afinal, no futuro, eles desconhecem o conceito de "rede de computadores"? O Chekov não poderia acessar esses sistemas de teletransporte da ponte de comando, mesmo? Mas tudo bem, essa eu "deixo passar", afinal, nunca projetei uma nave espacial, e esse "problema" poderia ser explicado por uma questão de segurança, modularidade, ou sei lá mais o que...
Só ratificando, pois pode não ter ficado muito claro após tantas reclamações: eu gostei do filme!
Como sempre, só faltou mesmo uma consultoria científica mínima... Hehehehe...