sábado, 29 de dezembro de 2007

Diário de Guerra (2)

Mais uma vez repetiu-se o ambiente: Teatro Odisséia. Desta vez, porém, trocou-se a música: tocava-se algo que parecia ser samba, mas misturava-se rock... Mas esse comentário não é para ser levado a sério, afinal, não entendo nada de música.

Esta nova incursão ao campo de batalha também foi curiosa... Novamente, como um daqueles pesquisadores do National Geographic ou do Animal Planet, que ficam dias observando o comportamento de animais para entender seus hábitos, eu esperei e observei...


Mas primeiramente, as "fatalidades": as pessoas passam pulando para lá e para cá, carregando copos de bebidas sobre suas cabeças... Sempre observei esse comportamento me perguntando "como será que fazem para não derrubar a bebida em ninguém?"... Pois bem, dessa vez, a pergunta foi respondida: não fazem. Derrubaram em mim... Acho que eu simplesmente nunca havia notado alguém tomando banho de cerveja involuntariamente simplesmente porque nunca tinha sido eu a levar o banho...

Além disso, também voltei para casa com um número considerável de queimaduras de cigarros nos braços... Como se o fedor já não me incomodasse o suficiente...

Agora, vamos à pesquisa propriamente dita:

Eu realmente não faço a mínima idéia de como os nativos fazem para identificar as mulheres solteiras nesses ambientes... Mas é possível usar essa capacidade deles a seu favor! Identificando uma solteira, os nativos fazem um círculo ao redor dela... E então ficam bebendo, bebendo, até terem coragem alcoólica suficiente para irem abordar a moça cercada. Tudo leva a crer que não há um critério de ordenação; qualquer um pode ir lá falar com a garota... Ou seja, basta esperar o círculo se formar, e então furá-lo e ir falar com a menina primeiro!

Desta vez, não foram muitos os círculos que se formaram... Talvez a escassez de solteiras tenha sido devido à proximidade com o Natal, sei lá.

Agora, a questão da abordagem: aparentemente, há uma etiqueta a ser seguida... Pela primeira vez, enquanto eu "conversava" (como se isso fosse possível devido ao som extremamente alto) com uma garota, um outro cara foi em direção a ela, e tentou esboçar um início de conversa... E eu consegui notar a moça discretamente "enxotando-o"... Fiquei com a impressão de ser algo do tipo "espere a sua vez; entre na fila e pegue a senha". Acredito que isso deve ser um indicativo de que há outras regras de etiqueta, totalmente desconhecidas pelos cientistas! Preciso prestar mais atenção...

Sobre receptividade: parece haver uma clara distinção de situações. Se a fêmea conversar com você de frente, acredito que determinado estágio já tenha sido ultrapassado; caso ela se conserve de lado, deve ainda estar realizando algum tipo de avaliação... Há dúvida se deve à "reação verbal" das fêmeas: não importa o que seja dito, elas simplesmente riem! De qualquer coisa! E riem bastante! E enfatizo: é "riem", e não "sorriem"!

Se eu soubesse alguma receita de bolo, acho que a teria declamado, para testar... Isso deve ser efeito do álcool e sua incrível propriedade química de tornar qualquer coisa divertida...

E, mais uma vez, bati na barreira do "só vim aqui para dançar com minhas amigas". Um clássico.

Algo que ainda não estudei é a questão da insistência... Até que ponto se deve insistir? É que já vi casos de indivíduos insistindo a noite inteira até finalmente “levarem”... E eu não tenho paciência (ou criatividade) para fazer isso... Mas, se for essa a regra, não adianta nada não gostar dela. Mas também já tomei conhecimento de comentários do tipo “garoto chato, ainda não entendeu que não quero nada com ele?”... Pelo visto, deve haver algum mecanismo que indique quando a fêmea quer ou não ser perturbada (ficar gritando abobrinhas no ouvido de alguém durante 4 horas seguidas só pode ser entendido como “perturbar”), que nem mesmo os nativos conhecem!

A questão da música também está se tornando preocupante... Nada me empolga a ponto de ficar saltitante como os freqüentadores do local... Além disso, não conheço a letra de nenhuma, logo, não posso nem "cantarolá-las", de modo a tentar me misturar ao bando... Se tentasse, pareceria jogador da seleção "cantando" o hino, completamente artificial (além de ridículo)... Seria muito facilmente desmascarado... Isso de "estranho no ninho" certamente compromete a pesquisa... A reação dos observados é alterada ao saberem que estão lidando com um elemento alienígena ao ambiente.

Pelo menos, desta vez, não saber dançar foi "vantajoso": os tocos que levei por conta disso me pouparam de perder mais tempo com mulheres que, vi depois, eram fumantes (hábito asqueroso, esse)...

Desta vez, vi também uma "dança sensual" entre uma morena não-interessante e uma loira interessante... Mas não pude acompanhar o desfecho; fui arremessado para longe pela quantidade de caras que correu para ficar em volta olhando, também...

Tentei voltar mais tarde, para ver o que tinha acontecido... Só que, infelizmente, as duas garotas tinham sido substituídas por duas outras, só que horrorosas! E essas duas barangas se pegavam ferrenhamente! Uma colocava a língua até o esôfago da outra! Aterrorizante.

Infelizmente, a grande maioria das minhas observações não possui validade estatística real... Afinal, o número de pesquisadores na área é reduzido (sou o único que conheço)... Mas continuo trabalhando!

Houve uma tentativa de mudança de local de estudo, recentemente, mas não recebi apoio. Tentarei novamente numa outra oportunidade.

2 comentários:

Jiroumaru disse...

Gustavo, corajosamente indo aonde... ....... .... MUITOS homens já foram.

Cara não se ligue em conhecer as músicas. Acredite, se foi feito pra dançar dificilmente foi feito pra se conhecer.

ghfdc disse...

A questão é que estou indo tomando conhecimento do caminho... Praticamente um cartógrafo. É algo assim, meio zen, entendeu?

Dá até para associar a "se beber, não dirija; se dirigir, não beba"... Hahaha...